sábado, 14 de agosto de 2010

O grande dia

La estava ele, frente a frente com um dos seus maiores medos, desafios, inimigo. Roberto estava sozinho com ele. Sempre havia evitado-o, quando esbarrava em seu ombro procurando uma brecha ou quando batia em seu estômago, fazendo-o perder o fôlego. Mesmo assim nunca reagia, apenas olhava e evitava um possivel embate. As pessoas ao seu redor nada poderiam fazer, seriam apenas coadjuvantes desse confronto.

Mas Roberto não estava mais com medo. Queria enfrentá-lo, olhar em seus olhos e revidar. Revidar os olhares de lado, encarando-o, provocando-o. Não tinha mais medo de puxar o ar, após o soco no estômago, e dizer tudo que estava preso em sua garganta durante todo esse tempo. palavras nunca ditas antes.

Já tinha apanhado demais, dos seu socos covardes, acertando-o quando estava desprevinido. Ficava tonto, zonzo, sem saber o que fazer, sem reação. Mas agoria seria diferente. Estava pronto para os socos. E iria deixá-lo acertar.

O suor que corria na suas mãos não era mais de medo, o calafrio na sua barriga não era devido aos milhões de socos que já havia tomado dele. O seu coração batia forte, forte como nunca bateu antes. Mas ao mesmo tempo, ele batia calmamente. Não imaginava que isso podia acontecer. Mas lá estava ele e ela. E ela estava incrivelmente linda.

Ela estava com uma leve maquiagem, um blush, brilho nos lábios, um vestidinho roxo. Por incrivel que pareça o mesmo vestido do primeiro dia que se encontraram. Ele havia fugido desse confronto por muito tempo, mas não queria mais, não conseguia. O amor estava na sua frente, perfeito como nunca havia estado antes. Estava pronto. Ele a amava.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Por quase dois minutos vemos vários recortes de jornais, fotos e posters da carreira colossal do lutador Randy "The Ram" Robinson na decada de 80. Vemos então, 20 anos depois, o lutador sentado de costas para câmera, esperando para receber os míseros trocados por mais uma luta. E por quase quatro minutos, a única coisa que são as costas de Randy e um pouco de seu rosto, para depois, nos surpreender com o estado em que se encontra, sozinho, no fundo de sua van

Apesar de Randy "The Ram" Robinson ser um personagem fictício, Mickey Rourke não é. Darren Aronofsky não poderia ter escolhido melhor ator para o seu filme The Wrestler. O personagem que caiu como uma luva para Rourke, que teve uma carreira bem sucedida na decada de 80, principalmente com o filme "Nine 1/2 weeks", mas abandonou para se tornar lutador de boxeem 1991.
Ninguem conseguiu captar melhor Rourke do que Aronofsky, que com a câmera na mão quase que constantemente, faz do filme quase um documentário. Não é a toa que demoramos para ver o rosto de Randy. De certa forma, Aronovsky nos prepara para o reencontro com Rourke, que de jovem bonito, transformou-se em um homem de meia idade, cujo rosto repleto de marcas retrata o resultado de anos de dores, sofrimento e autodistruição.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Não é uma historia de amor

Histórias românticas, com belos casais vivendo felizes para sempre. Isso já é mais que comum, afinal de contas é um desejo pessoal da maioria. Porém, como o próprio narrador de “500 days with summer” (500 dias com ela) cita, essa não é uma historia romântica.

O filme conta a história de Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), que trabalha escrevendo mensagens em uma empresa de cartões comemorativos, que acredita que nunca será totalmente feliz até conher A garota. Então ele conhece Summer (Zooey Deschanel), secretária de seu chefe, e desde então ele acredita que ela é a sua alma gêmea. Porém Summer não acredita nessas baboseiras de amor, destino e tudo mais que todos nós já passamos na nossa vida e que alguns continuam passando.

Os 500 dias do casal é mostrado de uma forma não cronologica. O que poderia deixar o filme confuso, na verdade, ajuda o espectador a comprender os fatos. O bom do filme é que além de mostrar os clichês de uma relação - a cena do passeio na loja de móveis é quase obrigatória para qualquer casal, como também a cena em que Tom dança na rua após passar a primeira noite com Summer - é também retratar as situações que todos nos passamosem um relacionamento, como as dúvidas, angústias e os sofrimentos, porém com um bom toque de humor , sem deixar os momentos de reflexão de lado.

O que torna o longa mais interessante, além da belissima atuação dos dois atores, é a direção de Marc Webb. Webb, diretor de vários videos-clipes (como Regina Spektor, Daniel Powter, Maroon 5, Green Day, entre muitos outros) faz sua estréia e sem deixar as origens video-clípticas de lado, não deixa as músicas em segundo plano, e as utiliza como principal papel de afinidade entre o casal.

O que poderia ser mais um filme monôtono e mais um na estante empoeirada, ganha destaque especial. Assista, pois assim como Tom, você já conheceu uma garota e viu que não é nada facil.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para desintristecer, Morena

"É, nada como outro dia de chuva....", pensou ele. E lá estava ele, na varanda de seu humilde apartamento, sentado em uma cadeira, olhando para a chuva. Botou um de seus cds para ouvir, enquanto tomava seu café quente, acendeu seu cigarro, que em momentos que como esse se encaixa perfeitamente, ainda mais no estado de espírito que se encontrava, como praticamente tudo naquele momento.

Aquele clima todo era meio melancôlico, triste e alguns até diriam nostálgico, e era tudo que ele sentia. A música que tocava no fundo - Morena, dos Los Hermanos - quase imperceptível de tão baixo que estava, fez com que ele lembrasse dela. Parecia que a música havia sido feito pra ela. Começou a lembrar de quando se conheceram, dos seis meses que ficaram juntos, lembrou de como adorava o sorriso dela e o modo como fazia ela rir suas bobeira, palhaçadas e péssimas piadas.

Ele riu ao lembrar dessas coisas. De como sentia falta das três pentinhas que ela tinha no rosto, de como os olhos dela transmitiam uma paz única. Suspirou ao recordar como era bom apenas vê-la, conversar com ela, beijá-la, abraçá-la sem motivo algum, fazer palhaçadas com ela, de tentar fazer ela se sentir bem. Eram tantas as coisas que gostava e sentia falta que era dificil usar poucos minutos para lembrar de tudo. Como no dia que escreveu as inicias dos dois na mesa de madeira da praia. Ficou pensando em como estariam se ainda estivessem juntos, se ele não tivesse decidido mudar de cidade, "Provavelmente ela ainda ri do memso jeito", imaginou. Ele sentia como se estivesse vendo ela na sua frente, rindo, com os sonzinhos únicos que produzia.

Todos os seus pensamentos foram interrompidos por um “Te amo” e um beijo em seu pescoço. A música parecia que havia parado no meio do nada, o café ficado frio e seu cigarro acabado. Olhou fixamente para aquele linda mulher que o abraçava, para seus olhos e boca, ela estava linda naquela manhã, e respondeu ao seu carinho com “ Também te amo linda”. Não é que ele não a amava, amava sim, e muito. Era muito feliz, estava realmente apaixonado. Porém aquela morena sempre estaria ali no fundo de seus pensamentos para faze-lo sorrir em dias como esse.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pintura Fundamental

Lá estava ele, um simples garoto no meio de uma enorme multidão. Seus olhos atentos, emocionados, brilhavam como se estivesse caminhando por dentro de uma fábrica de doces. O jovem garoto nunca tinha ido para aquele lugar, tão grande, com tanta pessoas. De inicio ficou assustado, mas aquela sensação estranha iria mudar ao longo do tempo, iria se transformar em vários, e no final ele descobriria um só.

No começo não sabia muito bem o que fazer, estava perdido em meio a tanta confusão, várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas o sentimento de confusão daria lugar a tristeza alguns minutos depois. A multidão agora estava quieta, aflita, uns sentados outros não; seja roendo unha, apertando a calça ou mexendo no cabelo. A unica coisa em comum entre eles eram os olhos, que se moviam de um lado para outro. E sem perceber, o garoto estava fazendo a mesma coisa.

Alegria, euforia. Junto com toda aquela multidão, o jovem agora não estava mais perdido. Gritava, pulava, chorava, berrava o que estava intalado na sua garganta desde do inicio. Comentava com o pai o que tinha acontecido, puxava sua camisa, pedia para o pai olhar com bastante atenção. Agora so não estava feliz, como tinha se tornado um membro daquela multidão. E foi isso que deixou o pequeno guri sem palavras. Como pessoas que nunca tinham se visto, não se conheciam, não importava se você era homem ou mulher; jovem ou velho; rico ou pobre; medico, advogado, arquiteto, vendedor ou frentista, mas naquele momento todos se tornavam uma só voz, um só coração, um só sentimento, um só.

A aflição voltou a rondar o coração do jovem garoto, estava a flor da pele. Passava por cada pedaço de seu corpo. Mas a cada segundo o garoto sentia algo diferente, da aflição foi para desesperança, que foi substituido por sonho e de novo voltou aquele sentimento de tristeza, a multidão estava quieta, como se alguem muito importante estava morto. Mas como tudo aquilo era novo para ele, não sabia ele os gritos e berros voltariam. Ele tinha presenciado algo único, que ficaria marcado em sua memória até o último dia de sua vida. Contaria para seus filhos, netos, amigos, mulher. As pessoas unidas, abraçadas, para que ninguem caisse. Não importava que seu time havia perdido. Nesse dia memorável, ele havia dividido uma paixão com uma multidão, com pessoas que ele provavelmente nunca mais veria na sua vida. Ele havia descoberto sua primeira e grande paixão, O Futebol.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O Hermano Solitário

Após muito tempo, limpo a poeira desse blog e volto a escrever.
Ainda não acustumei com esse blog, e não tenho custume de escrever periodicamente ou sobre o que tenho vontade de falar, penso, ouço e demais, um péssimo hábito por sinal.

Na semana passada ficou disponível na internet e para compra o CD do hermano Marcelo Camelo, "Sou", que para mim era uma grande expectativa, tanto pelo fato de ser o CD solo do vocalista do Los Hermanos, uma das minhas bandas brasileiras favorita
s na atualidade, quanto pelo fato de não saber o que esperar do Camelo, de não saber como seria suas composições sem a presençã dos demais hermanos.

Não sei se foi somente eu que tive essa impressão quando ouvi o "Sou" pela primeira vez, mas foi bem difícil ter uma opnião formada logo de cara. Mas depois de algumas tardes e noites apreciando o CD, vi que é realmente bom e agradável de se ouvir, ainda mais nesse tempo que estamos, de chuvinha, ficar sozinho em casa tomando uma bela xícara de café quente. Mas digo, não sou a melhor pessoa para dar opnião sobre música ou fazer críticas sobre um cantor, banda, compositor e demais.

"Sou" é basicamente voz e violão, mas é claro que Camelo consegu
e encrementar as músicas e misturar sons que deixa difícil identificar e familiarizar qual seria o estilo. A canção que deve agradar a todos logo de cara é "Janta", com a mais nova ícone do pop, folk ou indie, chame do jeito que você quiser, Mallu Magalhães. Provavelmente é a mais popzinha do CD.
Temos também algumas marchinhas como "Copacabana" e "Menina Bordada", e faixas que são como disse anteriormente, praticamente inteiras voz e violão, como a bela "Doce Solidão", que por sinal, só o assoviar com o bongô no fundo a deixam bem no clima que Camelo quer passar. Outras canções que seguem essa mesma vertente é "Passeando", que tem apenas um verso no final, e "Liberdade", que não tem somente isso, mas uma suave sanfona, mas não qualquer uma, e sim a de Dominguinhos.

A temática que é cantada na maioria das faixas é a solidão, seja a solidão interna, seja a solidão pela ausência de outras pessoas, ou apenas deixar as coisas acontecerem, sem se preocupar demais, como pode ser percebida na letra de "Mais Tarde".

A própria capa do disco fas uma alusão a esse tema. Como vocês podem ver na imagem do disco que coloquei aqui, "Sou" tem um acento agudo embaixo do "o", que juntos formam a frase "Sou só".Mas que se apenas virarmos a paca de cabeça para baixo vira "Nós".


Aqui fica a dica para os demais fãns de Los Hermanos ou do Marcelo Camelo, que consegue mostrar em um cd simples, vários estilos musicais que para alguns são perceptíveis e para outros são somente apreciado. Mas como Camelo disse em uma entrevista, "Meu diálogo é com o som".

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Outros Bárbaros

Após muito posto novamente, até já havia esquecido a senha disso aqui.
Como não estou muito para escrever algo, vou só postar uma música.
A música é um composição de Gilberto Gil, que está no brilhante DVD "outros (doces) bárbaros". Grupo formado por Bethânia, Caetano, Gal e Gil.
Futuramente posso escrever sobre esse DVD, mas seria algo muito arriscado para mim, um simples leigo nesse assunto.


Outros Barbaros

Séra que ainda temos o que fazer na cidade
Em nossos corações ainda resta um quê de ansiedade
Apesar de ter sido um grande prazer para todos
Resta saber se ainda queremos seguir
Querendo-nos, mútuo prazer
Outros bárbaros tão doces tão cruéis
Seguem vindo
Vivendo seus papéis de mocinhos e
de bandidos
Séra que ainda temos o que fazer na cidade
Em nossos corações ainda resta um quê de saudade
De saudade